Cartografias, saberes e (re)existências em territórios (de)marcados pela mineração: estudo da comunidade Quilombola de Ribeirão, Brumadinho - Minas Gerais
Dissertação de Mestrado Acadêmico
Autor(es)
Amanda Ribeiro Carolino (Carolino, Amanda Ribeiro) / amandarc.dsg@gmail.com
Programa de Pós-graduação em Administração
Área de conhecimento
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO
GESTÃO ESTRATÉGICA DAS ORGANIZAÇÕES
Orientador(es)
Armindo dos Santos de Sousa Teodósio
Banca Examinadora
Marlei Pozzebon ( UNIVERSITÉ DU QUÉBEC À MONTRÉAL )
Ilka Boaventura Leite ( UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA )
Alexandre de Almeida Faria ( FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS )
21/03/2023
Cartografias, saberes e (re)existências em territórios (de)marcados pela mineração: estudo da comunidade Quilombola de Ribeirão, Brumadinho - Minas Gerais
Palavras-chave em Português
Conflitos ambientais
Desastres
Quilombo
Relações Raciais
Resistências
O presente estudo tem como foco investigar o processo de organização comunitária no quilombo de Ribeirão em Brumadinho, após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, ocorrida no dia 25 de janeiro de 2019. Desde então, a comunidade tem dialogado com diferentes grupos externos que chegaram ao território para iniciar o processo de reparação integral dos danos deste evento. Dentre estes atores se destacam as assessorias técnicas independentes, grupos de pesquisas vinculadas a Universidades públicas e privadas, ONGs, diversas instituições do Estado e outros. Um dos primeiros passos tomados pelo quilombo para estabelecer diálogo com esses atores foi à constituição da Associação do Quilombo de Ribeirão que até então não existia, e também a realização de ações coletivas que buscassem fortalecer os laços comunitários para o enfrentamento dessa nova realidade pós-tragédia crime. Para a produção dos dados da pesquisa, foram realizadas visitas frequentes a campo no intuito de conhecer melhor a realidade social do grupo, a fim de traçar estratégias teóricas e metodológicas para o desenvolvimento deste estudo. Sendo assim, foi realizada uma pesquisa qualitativa, que adotou como método a história oral em decorrência de uma demanda da própria comunidade, em querer documentar as narrativas orais do quilombo como forma de promover o resgate da memória local. Foram adotados também instrumentos metodológicos participativos tais como: cartografias sociais e DRP’s, com o objetivo de impulsionar o engajamento da comunidade em todo o percurso das intervenções realizadas em campo. O ambiente virtual, particularmente aplicativo de smartphone WhatsApp, foi também utilizado como meio de produção de dados, uma vez que a primeira etapa de realização da pesquisa foi durante os períodos de isolamento social por conta da pandemia de COVID-19. Desse modo, através das narrativas orais, e das oficinas participativas desenvolvidas no quilombo, foi possível identificar várias tensões no campo, bem como potencialidades favoráveis para o processo de articulação e organização comunitária dos quilombolas de Ribeirão. Pode-se constatar que os impactos da tragédia-crime são evidentes no território através do cenário de violação de direitos na comunidade por meio da falta de transparência no processo de reparação dos danos do rompimento da barragem, e a ausência de devolutivas por parte das instituições que desenvolvem ações no quilombo. Por outro lado, a comunidade quilombola tem resistido a essas tensões através da ressignificação do território, resgatando elementos do passado que contribuam para a reafirmação da identidade étnica do grupo, buscando fortalecer os vínculos comunitários para que seus direitos não sejam violados.
Cartographies, knowledge and (re)existences in territories (de)marked by mining: study of the Quilombola community of Ribeirão, Brumadinho - Minas Gerais
Palavras-chave em Inglês
Disasters
Environmental conflicts
Quilombos
Race Relations
Resistance
The present study focuses on investigating the process of community organization in the Quilombo de Ribeirão in Brumadinho, after the rupture of the Córrego do Feijão Mine dam, which occurred on January 25, 2019. Since then, the community has been dialoguing with different external groups who arrived in the territory to start the process of integral reparation for the damage caused by this event. Among these actors, stand out independent technical advisory services, research groups linked to public and private universities, NGOs' sONGs, various state institutions, and others. One of the first steps the quilombo took to establish a dialogue with these actors was the creation of the Associação do Quilombo de Ribeirão, which until then did not exist, and also the carrying out of collective actions that sought to strengthen community ties to face this new postwar reality. -crime tragedy. For the production of research data, frequent visits to the field were carried out in order to understand the social reality of the group better, in order to outline theoretical and methodological strategies for the development of this study. Therefore, qualitative research of a social nature was carried out, which adopted oral history as a method due to a demand from the community itself, in wanting to document the oral narratives of the quilombo as a way to promote the rescue of local memory. Participatory methodological instruments were also adopted, such as social cartography and DRPs, with the aim of boosting community engagement throughout the course of interventions carried out in the field. The virtual environment, particularly the WhatsApp smartphone application, was also used as a means of data production since the first stage of the research was during periods of social isolation due to the COVID-19 pandemic. Thus, through oral narratives and participatory workshops developed in the quilombo, it was possible to identify various tensions in the field, as well as good potential for the process of articulation and community organization of the quilombolas of Ribeirão. It can be seen that the impacts of the tragedy-crime are evident in the territory through the scenario of violation of rights exercised over the community through the lack of transparency in the process of repairing the damage caused by the rupture of the dam, and the lack of feedback on the part of of the institutions that develop actions in the quilombo. On the other hand, the quilombola community has resisted these tensions through the redefinition of the territory, rescuing elements from the past that contribute to the reaffirmation of the group's ethnic identity, and seeking to strengthen community ties so that their rights are not violated.
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