Da "Vagabundagem" ao Direito à Cidade: uma análise da "Gestão do Cotidiano" da População em Situação de Rua de Belo Horizonte

Dissertação de Mestrado Acadêmico

Autor(es)

Camila Alvares dos Reis (Reis, Camila Alvares dos) / cammi.reis@gmail.com

Programa de Pós-graduação em Administração

Área de conhecimento

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO

GESTÃO ESTRATÉGICA DAS ORGANIZAÇÕES

Orientador(es)

Armindo dos Santos de Sousa Teodósio

Banca Examinadora

André Luiz Freitas Dias ( Universidade Federal de Minas Gerais )

Fábio Bittencourt Meira ( Universidade Federal do Rio Grande do Sul )

Regina de Paula Medeiros ( Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais )

25/03/2019


Da "Vagabundagem" ao Direito à Cidade: uma análise da "Gestão do Cotidiano" da População em Situação de Rua de Belo Horizonte

Palavras-chave em Português

Pessoas em Situação de Rua, Gestão do Cotidiano, Cidade, Vagabundagem, Direito à Cidade.

O objetivo desta pesquisa é analisar as práticas da População em Situação de Rua (PSR) de Belo Horizonte, chamada aqui de “Gestão do Cotidiano”, entendidas como táticas e estratégias desenvolvidas como meio de sobrevivência em uma cidade capitalista. A perspectiva da investigação contou com aporte teórico, sociológico e filosófico, com inspiração marxista de base teórica em sua maioria estruturalista, articulado à Etnometodologia como método de pesquisa, entendida como uma referência para a compreensão de interações sociais por meio de metodologias criadas pelo próprio grupo ou atores investigados, mediante uma observação da pesquisadora. Nesse processo, a reflexividade e o interpretativismo foram essenciais para a análise do conteúdo. Os capítulos foram divididos com o objetivo de compreender a População em Situação de Rua como um fenômeno urbano, por isso foi considerado as estruturas que envolvem o capitalismo e a produção hegemônica do espaço nesse sistema e o nível as questões interacionais da PSR que, quando analisadas de forma dialética, são explicitadas através da problemática que envolve a ocupação delongada do espaço público urbano. A análise dos dados foi elaborada buscando-se reflexividade a partir de três vivências de campo, nas quais foi possível concluir que os mecanismos de controle da cidade reforçam a ideia de institucionalização, por isso os gestores públicos buscam criar abrigos, não para a PSR, mas para manter a higienização e gentrificação da cidade. A análise de Belo Horizonte levanta algumas questões que a configuram e que interessam a este trabalho como: o que é uma cidade no contexto atual? Para quê e para quem ela é planejada? O que leva as discussões que atravessam outros conceitos como o de Território, Espaço, Lugar, Paisagem e Não Lugar, que permitem compreender a ocupação do espaço público e as configurações entre exclusão, reconhecimento e justiça, que são reproduzidas pelas formas de apropriações da cidade. Tudo isso leva ao estigma da PSR como vagabundos por não estarem atrelados ao trabalho formal do modelo capitalista. Não consumindo para acumulação e se apropriando do espaço de forma não convencional exibindo um corpo precário e usando o tempo livre desvinculado do que é aceito pela sociedade, eles executam uma gestão do cotidiano alternativa como meio de existência na cidade, ressignificando os objetos, os espaços, o sentido de trabalho e a vagabundagem, questionando assim, uma cadeia de direitos, inclusive o direito à cidade, conquistada por meio de diversas resistências.


FROM “VAGRANCY” TO THE RIGHT TO THE CITY: an analysis of the "Daily Management of the homeless population of ”Belo Horizonte

Palavras-chave em Inglês

Homeless, Daily Organizing, City, Vagrancy, Right to the City

This research analyzes the practices of the Population in Street Situation (PSR) of Belo Horizonte, called here "Management of Daily Life", understood as tactics and strategies developed as a means of survival in a capitalist city. The initial focus sought to understand how this management in the urban environment occurs. The research perspective included a theoretical and sociological and philosophical contribution, with a Marxist inspiration based on the theoretical majority, together with Ethnomethodology, as a research method, understood as a methodological model as a reference for understanding social interactions through methodologies created my own group or actors investigated, through observation of the researcher. In this process, reflexivity and interpretivism were essential for analysis. The chapters were divided with the objective of understanding the Population in the Situation of Rrua as an urban phenomenon, so it was considered the level of the structures that involve capitalism and the hegemonic production of space in this system and the level that involves the interactional issues of PSR which, when analyzed in a dialectical way, are explained through the problem that involves the extended occupation of the urban public space. The data analysis was elaborated by means of reflecting the reflexivity of the documents produced in from three field experiences, in which it was possible to conclude that the control mechanisms of the city reinforce the ideas of institutionalization, so public managers seek to create shelters, not for PSR, but to maintain sanitation and gentrification of the city. The analysis of Belo Horizonte raises some questions that configure it and that interest this work as: what is a city in the current context, for what and for whom it is planned, which leads to discussions that cross other concepts such as Territory, Space, Place, Landscape, and Non-Place, which allows us to understand the occupation of the public space and the configuration of exclusion, recognition and justice, which are reproduced by the forms of appropriation of the city. All this, which leads to the stigma of the PSR as vagabonds, because they are not tied to formal work, in the implication of the capitalist model. As they do not consume for accumulation and for making the appropriation of space in an unconventional way, exhibiting a precarious body and appropriating a free time and idleness unrelated to the permissive, perform a daily management of the part as a means of an existence in the city , reaffirming the objects, spaces, sense of work and the sense of vagabondage and questioning a chain of rights, including the right to the city.


Texto Completo

Aguarde...

Aguarde...