ENSINO DE FÍSICA PARA ESTUDANTES CEGOS E POLÍTICAS PÚBLICAS: BARREIRAS QUE DIFICULTAM A INSERÇÃO DE UM RECURSO DIDÁTICO INÉDITO NA ESCOLA INCLUSIVA
Tese de Doutorado Acadêmico
Autor(es)
Alexandre de Oliveira Martins (Martins, Alexandre de Oliveira)
Programa de Pós-graduação em Educação
Área de conhecimento
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO ESCOLAR E PROFISSÃO DOCENTE
Orientador(es)
Amauri Carlos Ferreira
Banca Examinadora
Estéfano Vizconde Veraszto ( Universidade Federal de São Carlos )
Mônica Maria Farid Rahme ( Universidade Federal de Minas Gerais )
Teodoro Adriano Costa Zanardi ( Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais )
Adriana Gomes Dickman ( Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais )
05/06/2019
ENSINO DE FÍSICA PARA ESTUDANTES CEGOS E POLÍTICAS PÚBLICAS: BARREIRAS QUE DIFICULTAM A INSERÇÃO DE UM RECURSO DIDÁTICO INÉDITO NA ESCOLA INCLUSIVA
Palavras-chave em Português
Baixa visão
Cegos
Educação
Educação inclusiva
Estudantes com deficiência visual
Estudo e ensino
Física
Livros didáticos
Política pública
Software educacional
Neste trabalho é relatada a criação de um recurso didático inédito para o ensino da Física para estudantes com deficiência visual, em especial, os cegos ou com baixa visão que necessitam do Braille para ler. Este novo recurso didático, a exemplo do Sistema Braille, é caracterizado por um código de símbolos que traduz as figuras didáticas comumente utilizadas em livros e avaliações de Física para um padrão em alto-relevo. Com este padrão é possível representar ou adaptar as situações problema utilizadas no ensino da Física para todo o estudo da Mecânica e, futuramente, a ideia pode ser estendida para as demais áreas da Física em trabalhos posteriores. Com o objetivo de tornar a tarefa de adaptação mais rápida e prática para os professores, foi desenvolvido um software específico e gratuito, denominado PDC (Physics Diagram Creator for Visually Impaired Students), que contém o padrão de símbolos que podem facilmente ser manipulados na área de trabalho para formar as figuras, bem como outras funções adicionais. Além da criação destes recursos e, com base nestes, foram mostradas as possíveis barreiras que podem dificultar a inserção destes materiais na Escola Inclusiva. Para tanto, foi realizado um levantamento quantitativo de dados das escolas da Rede Estadual da Região Metropolitana de Belo Horizonte que tiveram a incidência de alunos com deficiência visual no ano de 2016. A partir deste levantamento, foi realizada uma pesquisa qualitativa, selecionando algumas escolas para a realização de visitas com o objetivo de entrevistar alunos com deficiência visual, professores de Física e/ou de Ciências e diretores. Por fim, foram visitadas as Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) destas escolas onde tentamos reproduzir o recurso didático utilizando os materiais disponíveis na própria escola. A pesquisa indicou que o sistema educacional vigente não tem condições de promover uma inclusão de qualidade para os alunos deficientes visuais, mesmo com um número relativamente baixo de alunos cegos matriculados. E, ainda, que o programa para implantação das Salas de Recursos Multifuncionais, adotado a partir de 2005, quando chega às escolas, recria a Escola Especial dentro da Escola Regular, além de não oferecer os materiais necessários para a formação adequada nas disciplinas específicas. Além disso, a pesquisa mostra que os professores ainda não estão preparados para atuar no novo modelo de Escola Inclusiva e repassam o problema para os colegas responsáveis pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) que acontece dentro das Salas de Recursos Multifuncionais. Com a análise dos dados mistos em conjunto com uma discussão teórica que relaciona políticas públicas, autonomia do estudante cego e formação de professores, foi possível defender a tese de que: Mesmo com a existência e a disponibilidade de recursos didáticos gratuitos e de fácil produção, existem diversas barreiras que dificultam o aproveitamento destes materiais pelas instituições públicas de Educação Básica, asseguradas por lei como Escolas Inclusivas, devido à ausência ou subutilização dos espaços funcionais necessários; sendo um dos motivos o impacto direto e/ou indireto da falta de refinamento das políticas públicas atuais que atuam na perspectiva da Educação Inclusiva, em especial, para os estudantes com deficiência visual.
Physics teaching for blind students and public policies: barriers that difficult the insertion of an original didactic resource in the inclusive school
Palavras-chave em Inglês
Didactic Resource, Students with Visual Impairment, Blindness, Low Vision, Physics Teaching, Adaptation of Figures, Textbooks, Inclusion, Inclusive School, Autonomy, Multifunction Resource Rooms, Public Policies and Educational Software.
In this work it is reported the creation of an original didactic resource for Physics teaching for students with visual impairment, especially the blind or with low vision who need Braille to read. This new didactic resource, like the Braille System, is characterized by a code of symbols that translates the didactic figures commonly used in books and assessments of Physics to an embossed pattern. With this standard it is possible to represent or adapt the problem situations used in Physics teaching for the whole study of Mechanics and, in the future, the idea can be extended to the other areas of Physics in later works. In order to make the task of adaptation faster and more practical for teachers, a specific free software called PDC (Physics Diagram Creator for Visually Impaired Students) was developed, which contains the pattern of symbols that can be easily manipulated in the area to form the figures, as well as other additional functions. In addition to the creation of these resources, and based on these, were shown the possible barriers that may hinder the insertion of these materials in the Inclusive School. For that, a quantitative survey was carried out of the public schools of the Metropolitan Region of Belo Horizonte, which had the incidence of students with visual impairment in the year 2016. From this survey, a qualitative research was carried out, selecting some schools for visits with the purpose of interviewing visually impaired students, Physics and / or Science teachers and principals. Finally, we visited the Multifunctional Resource Rooms (SRM) of these schools where we tried to reproduce the didactic resource using the materials available at the school itself. The research indicated that the current educational system is unable to promote quality inclusion for visually impaired students, even with a relatively low number of blind students enrolled. Also, the program for the implementation of the Multifunctional Resource Rooms, adopted since 2005, when it arrives in schools, recreates the Special School within the Regular School, besides not offering the necessary materials for the appropriate training in the specific disciplines. In addition, the research shows that teachers are not yet ready to act in the new model of Inclusive School and pass the problem to the colleagues responsible for the specialized educational service (AEE) which happens inside the Multifunctional Resource Rooms. With the analysis of the mixed data together with a theoretical discussion that relates public policies, autonomy of blind student and teacher training, it was possible to defend the thesis that: Even with the existence and availability of free and easy-to-produce educational resources, there are several barriers that make it difficult for public institutions of Basic Education, which are guaranteed by law as Inclusive Schools, to take advantage of these materials due to the absence or underutilization of the necessary functional spaces; one of the reasons being the direct and/or indirect impact of the lack of refinement of the current public policies that work in the perspective of Inclusive Education, especially for students with visual impairment.
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