MASCULINISMO: misoginia e redes de ódio no contexto da radicalização política no Brasil
Tese de Doutorado Acadêmico
Autor(es)
Bruna Camilo de Souza Lima e Silva (Silva, Bruna Camilo de Souza Lima e) / brunalimaa25@gmail.com
Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais
Área de conhecimento
SOCIOLOGIA
CIDADES: CULTURA, TRABALHO E POLÍTICAS PÚBLICAS
Orientador(es)
Alessandra Sampaio Chacham
Banca Examinadora
Carlos Aurelio Pimenta de Faria ( PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS )
Juliana Gonzaga Jayme ( PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS )
Marco Aurelio Máximo Prado ( UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS )
Rosana Pinheiro Machado ( UNIVERSITY OF BATH )
13/03/2023
MASCULINISMO: misoginia e redes de ódio no contexto da radicalização política no Brasil
Palavras-chave em Português
Bolsonaro
Gênero
Masculinismo
Misoginia
Radicalização
Esta tese tem como objetivo compreender a atuação dos grupos masculinistas no Brasil, suas relações com a extrema direita brasileira e a influência de seus discursos na esfera política, principalmente nas eleições de 2018 e no governo Bolsonaro, dentro do contexto da crescente radicalização da política brasileira no período. Os masculinistas são indivíduos misóginos que reproduzem discursos e práticas de ódio contra as mulheres, colocando-as, junto com a comunidade LGBTQIA+ e negros e negras, em condição de subalternidade, defendendo a superioridade masculina nas esferas cultural, política, econômica e social. Em nossa abordagem teórica foram utilizados alguns conceitos fundamentais para a compreensão das questões abordadas como gênero, masculinidade, misoginia, extrema-direita, fascismo e ciberativismo e explorado um ponto que tem se mostrado essencial para a estruturação da extrema direita: o uso das notícias falsas. Para a coleta e a análise dos dados, utilizou-se a abordagem qualitativa, ancorada em ferramentas metodológicas como entrevistas e a análise de conteúdo. Os dados foram coletados a partir de postagens e comentários em blogs, fóruns, grupos de aplicativos de mensagens e por meio de entrevistas semiestruturadas com três mulheres estudiosas da área e, também, alvos de ataques pelos masculinistas. Os resultados sugerem que os grupos masculinistas no Brasil se expandem por meio do ciberativismo que, assim como para o ciberfeminismo, é a principal ferramenta de propagação dos seus discursos. Esses grupos aparentam estar cada vez mais radicalizados pela extrema direita, nazificados e, em sua maioria, se declaram apoiadores do Bolsonaro, mesmo antes de 2018 e esse apoio, ainda que com algumas críticas, perdura. Também foi possível observar como aliados próximos ao expresidente Bolsonaro utilizam do vocabulário masculinista, inclusive em materiais de campanha divulgados entre simpatizantes, além de vários pontos em seus discursos se alinharem ao pensamento masculinistas e como temas relativos ao que eles chamam de “ideologia de gênero” são explorados em eleições a fim de atrair públicos específicos. Esperase com a pesquisa colaborar para os estudos de gênero do país, ampliando o debate acerca da atual radicalização política no Brasil.
MASCULINISM: misogyny and hate networks in the context of political radicalization in Brazil
Palavras-chave em Inglês
Bolsonaro
Gender
Masculinism
Misogyny
Radicalization
This work aims at understanding the masculinist groups operation in Brazil, their relations with the Brazilian extreme right, and the influence of their discourses in the political sphere, especially in the 2018 elections and the Bolsonaro government, considering the context of the increasing radicalization of Brazilian politics in the period. Masculinists are misogynistic who reproduce hateful speeches and practices against women, placing them, along with the LGBTQIA+ community, black men and women, in a subordinate condition, defending male superiority in the cultural, political, economic, and social realms. In our theoretical approach we used some core concepts to understand the issues addressed such as gender, masculinity, misogyny, cyberactivism and explored a matter that has proven essential to the structuring of the extreme right: fake news. In order to gather and to analyze the data, we adopted a qualitative approach, supported by methodological tools such as interviews and content analysis. The data was collected from posts and comments on blogs, forums, message app groups, and through semi-structured interviews with three women scholars in the field who were also victims of attacks by masculinists. Our results suggest that masculinist groups in Brazil are more dispersed and less organized into groups when compared with the ones in the United States. Their dissemination is mainly through cyberactivism, which, as for the cyberfeminism, is the main tool for the propagation of their discourses. It seems that these groups have been increasingly radicalized by the extreme right, nazified, and most of them declare themselves supporters of Bolsonaro, even before 2018, and such support, although with some criticism, endures. his allies use the masculinist vocabulary, including the campaign materials advertised to supporters, besides that, several aspects in their speeches align with masculinist thinking. This research is expected to contribute to gender studies in the country, broadening the debate about the current political radicalization in Brazil.
Texto Completo